COLABORADOR: RENAN DA SILVA
Aprenda a dar uma má notícia
O telefone toca no meio da madrugada na casa do Seu Luiz. Ele
atende:
Alô.
Alô, Seu Luiz.
Quem fala?
Seu Luiz, aqui é o João, o seu copeiro aqui do sítio.
Que história é essa de me acordar às duas horas da madrugada?
Não, Seu Luiz, sabe o que é? É que seu papagaio morreu.
Como? O meu Paco premiado morreu?
É, Seu Luiz. Eu sinto muito.
Mas morreu de quê?
De comer carne estragada.
E quem foi que deu carne estragada pro meu Paco comer?
Não, Seu Luiz, é que ele comeu a carne do cavalo morto.
Que cavalo?
Aquele seu puro-sangue.
O meu puro-sangue campeão?
Uma pena, um cavalo tão bom.
E porque que ele morreu?
Cansado de tanto puxar carroça d’água.
Puxar carroça d’água? E pra que ele “tava” puxando
carroça d’água se aí no sítio tem água
encanada?
É pra apagar o incêndio, Seu Luiz.
Incêndio? Incêndio onde?
Na sua casa, Seu Luiz.
Meu Deus do céu, minha casa pegando fogo! Como foi isso, homem?
Não Seu Luiz, é que a chama da vela pegou na cortina da janela
e o fogo se espalhou.
Vela? Mas que vela se aí tem energia elétrica?
A vela do velório, Seu Luiz.
Velório!!? Ai, meu Deus! Velório de quem, homem de Deus? Fala.
Seu Luiz, o senhor não fica zangado comigo, mas é que sua mãe
veio visitar o senhor no meu da madrugada, ela pensava que o senhor estava aqui
no sítio. E eu pensei que era um ladrão e dei um tiro de espingarda
nela e... Alô, alô, Seu Luiz...